quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"V I R T U A L" REVISTA COTOVIA 329-036-2009

" V I R T U A L "
REVISTA COTOVIA
329-036-2009
PAZ & BEM !
Quarta-feira 25 de Novembro de 2009
Neste dia...
Em 25 de Novembro de 1881 nascia Angêlo Giuseppe Roncalli.
a OFS - Ordem Franciscana Secular - Regional Sul II - Atravez da REVISTA COTOVIA - Vem prestar uma homenagens ao amado, querido e porque não dizer, santo e ilustríssimo IRMÃO de nossa irmandade FRANCISCANA.

O Beato Papa João XXIII - OFS -

ORDEM FRANCISCANA SECULAR

Nascido Angelo Giuseppe Roncalli (Sotto Il Monte, 25 de Novembro de 1881Vaticano, 3 de Junho de 1963) foi Papa do dia 28 de outubro de 1958 até à data da sua morte. Era mundialmente conhecido por "Papa Bom" ou "Papa da bondade".[1]
Considerado um Papa de transição, depois do longo pontificado de
Pio XII,[2] ele convocou, para surpresa de muitos, o Concílio Vaticano II, que visava a renovação da Igreja e a formulação de uma nova forma de explicar pastoralmente os dogmas ao mundo moderno.[3][4][5] Pertencia à Ordem Franciscana Secular (OFS) Obediência e Paz.[6]
No dia
3 de Setembro de 2000, João XXIII foi declarado Beato pelo Papa João Paulo II.[7] João XXIII é considerado o patrono dos delegados pontifícios e a sua festa litúrgica é celebrada no dia 11 de Outubro.[8]
Índice 1 Trajetória 1.1 Início 1.2 Carreira diplomática 1.3 Patriarca de Veneza 2 Eleição 3 Pontificado 3.1 Visitas pastorais 3.2 O Concílio Vaticano II 3.2.1 O discurso da Lua 4 Encíclicas
4.1 Mater et Magistra 4.2 Pacem in terris 5 Brasão e Lema 6 Morte e Beatificação 6.1 Corpo exposto e bem preservado 7 Críticas, Controvérsias e Teorias de conspiração 7.1 Relação com a Maçonaria 7.2 Relação com os Comunistas, os Socialistas e os Radicais 7.3 Anti-Fátima 7.4 Padre Pio 7.5 Herege, Modernista e Concílio Vaticano II 7.6 Anti-Papa 8 Supostas profecias e encontros com ETs 9 Referências 10 Ver também 11 Ligações externas
Trajetória Início
Angelo Giuseppe Roncalli nasceu e foi baptizado em
Sotto il Monte (província de Bérgamo, Itália), no dia 25 de Novembro de 1881. Era o terceiro filho numa família humilde e numerosa de tipo patriarcal e de trabalhadores agrícolas. Desde cedo, devido ao "clima religioso da família e à fervorosa vida paroquial", Roncalli já era muito devoto, acabando por ingressar no Seminário de Bérgamo. "Ali, ele começou a redigir os seus escritos espirituais, que depois foram recolhidos no "Diário da Alma"" (ou Jornal da Alma), um livro auto-biográfico muito famoso de Roncalli. Em 1897, ele professou a regra da Ordem Franciscana Secular. "De 1901 a 1905, foi aluno do Pontifício Seminário Romano, graças a uma bolsa de estudos da diocese de Bérgamo".[1]
Finalmente, após vários anos de estudo, Roncalli foi ordenado
sacerdote católico em Roma, no ano de 1904. Em 1905, "foi nomeado secretário do novo Bispo de Bérgamo, D. Giacomo Maria Tedeschi". Durante estes anos em Bérgamo, Roncalli foi também professor do Seminário de Bérgamo e "aprofundou-se no estudo" da vida e da obra de São Carlos Borromeu, de São Francisco de Sales e do Beato Gregório Barbarigo (este último só foi canonizado, em 1960, por João XXIII).[1]
Em
1915, quando a Itália entrou na Primeira Guerra Mundial, foi alistado como sargento do corpo médico e "capelão militar dos soldados feridos que regressavam da linha de combate". Em 1919, foi nomeado director espiritual do Seminário de Bérgamo. Em 1921, o Papa Bento XV nomeou-o presidente nacional do "Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé". Devido a este novo cargo, Roncalli "percorreu muitas dioceses da Itália, organizando círculos missionários".[1]
Carreira diplomática
Em
1925, o Papa Pio XI nomeou-o Visitante Apostólico na Bulgária e elevou-o a Arcebispo da "Sede titular de Areopolis".[1][8] Escolheu como lema episcopal Oboedientia et Pax (Obediência e Paz), que sempre conservou como lema pessoal.[6] Com esta nomeação, deu-se início à longa carreira diplomática de Roncalli. Na sua estadia na Bulgária, ele "visitou as comunidades católicas", consolidou a Igreja Greco-Católica Búlgara (de rito oriental bizantino) e "cultivou relações respeitosas com as demais comunidades cristãs", revelando-se assim o seu espírito tolerante e ecuménico.[1]
Em
1934, Roncalli passou a ser Arcebispo-titular de Mesembria.[9] Em 1935, foi nomeado Delegado Apostólico na Turquia e Grécia. Neste dois países, ele "trabalhou com intensidade ao serviço dos católicos e destacou-se pela sua maneira de dialogar e pelo trato respeitoso com os ortodoxos e os muçulmanos". Quando começou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), ele conseguiu salvar "muitos judeus com a "permissão de trânsito" fornecida pela Delegação Apostólica".[1] Por isso, em reconhecimento deste trabalho humanitário, a Fundação Internacional Raoul Wallenberg defende actualmente a atribuição do prémio Justo entre as nações a Roncalli.[10][11] Em 1944, num dos seus sermões proferidos em Istanbul, Roncalli revelou já o seu desejo em convocar um concílio ecuménico, que iria ser no futuro o Concílio Vaticano II (1962-1965).[12]
Em
1944, o Papa Pio XII nomeou-o Núncio Apostólico em Paris. Aproximando-se do fim da Segunda Guerra Mundial, Roncalli "ajudou os prisioneiros de guerra e trabalhou pela normalização da vida eclesial na França".[1] Ele desempenhou também o papel de mediador entre as facções mais conservadoras e mais progressistas do clero francês.[8] Na sua permanência em França, Roncalli recordaria mais tarde em tom de humor que quando uma mulher com vestes muito reduzidas entrou na sala em que ele se encontrava numa recepção, as pessoas da sala não olharam para ela, mas sim para ele, a ver se ele olhava para a recém-entrada.[13]
Em
1953, Roncalli foi elevado a Cardeal-presbítero de Santa Prisca e foi também nomeado Patriarca de Veneza.[9] Num sinal de consideração pelo seu trabalho e pela sua personalidade, o presidente francês Vincent Auriol, reclamando para si o antigo privilégio dos monarcas franceses, deu o solidéu vermelho a Roncalli numa cerimónia no Palácio do Eliseu. Antes de Roncalli partir para Veneza, ele foi homenageado num jantar de despedida, onde esteve presente muitas figuras ilustres e muitos políticos da Direita, da Esquerda e do Centro.[13] Mais tarde, avaliando o seu trabalho feito na França, a Santa Sé caracteriza Roncalli como "um observador atento, prudente e repleto de confiança nas novas iniciativas pastorais" do clero francês; e também como um sacerdote com uma "piedade sincera" e uma "simplicidade evangélica, inclusive nos assuntos diplomáticos mais complexos".[1]
Patriarca de Veneza

Uma placa comemorativa de João XXIII na fachada do Palácio Patriarcal de Veneza.
Como
Cardeal-Patriarca de Veneza (1953-1958), Roncalli continuou o seu trabalho ecuménico; convocou um sínodo diocesano; criou cerca de 30 paróquias; e privilegiou o contacto com os padres e com os leigos católicos, realizando por isso várias visitas pastorais. Ele, como era uma pessoa modesta, quebrou muitos protocolos e realizou muitas visitas e passeios informais pelas ruas de Veneza, tentando conversar com todos aqueles que ele encontrava na rua. Ele usava até frequentemente os transportes públicos, nomeadamente as gôndolas, e estava muitas vezes presente nos principais eventos da cidade.[6]
Eleição
Ver artigo principal: Conclave de 1958
Na sequência da morte do
Papa Pio XII, em 1958, realizou-se rapidamente um conclave, onde se reuniu os cardeais-eleitores para escolherem um novo Papa. Ao contrário do que se sucedeu no conclave de 1939 (onde Pio XII foi quase unanimamente eleito Papa), o conclave de 1958 tinha vários candidatos favoritos (ou papabiles). Devido a este facto, os cardeais-eleitores procuraram escolher um candidato idoso e "de compromisso", acabando por isso por eleger Ângelo Roncalli, que era precisamente um homem modesto e idoso (já tinha 77 anos). Por esta razão, ele era apenas considerado um Papa "de transição".[2][14]
Assim sendo, Ângelo Roncalli foi, com grande surpresa para si, eleito
Papa em 28 de Outubro de 1958, na 11ª votação; tomou o nome papal de João XXIII (Ioannes PP. XXIII, pela grafia latina). Embora a intenção fosse a de homenagear São João Evangelista, a escolha desse nome causou surpresa. Isto porque, afinal, o último papa a chamar-se João fora o francês Jacques D'Euse, ainda na Idade Média (Papa João XXII); e ainda porque existiu, também na Idade Média, um anti-papa com o nome de João XXIII.[15]
Pontificado
Um monumento ao Papa João XXIII, em Guardabosone (VC)
No seu curto pontificado de cinco anos, João XXIII convocou precisamente cinco
consistórios, criando ao todo mais de 50 cardeais e quase duplicando o número de membros do Colégio dos Cardeais.[8] No primeiro consistório (1958), ele elevou o Arcebispo Montini (um candidato favorito no conclave de 1958) a Cardeal, tornando-o apto para o próximo conclave (de facto, Montini iria tornar-se no Papa Paulo VI).[2][9] Quando foi eleito Papa, João XXIII insistiu que Domenico Tardini fosse seu secretário de Estado, mesmo sabendo que ele não gostava muito de si. Tardini, que trabalhou durante muitos anos na Cúria Romana, ficou muito admirado e surpreendido com esse gesto generoso do Papa.[12]
Tendo já desde cedo um espírito de tolerância e de
ecumenismo, João XXIII procurou cooperar e dialogar com outras crenças e religiões, nomedamente com os protestantes, os ortodoxos, os anglicanos e até com os xintoístas. Ele criou inclusivamente, em 1960, o Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que tinha por função recompor a unidade entre os cristãos separados. Durante o seu pontificado, ele instituiu também "uma Comissão para a revisão do Código de Direito Canónico" e convocou, em 1960, o primeiro Sínodo da Diocese de Roma.[1][6][8] Ele também "retirou da liturgia de Sexta-feira Santa as duras expressões referentes" aos judeus.[16]
Em
1959, João XXIII, através da sua confirmação do Decretum Contra Communismum (1949), proibiu os católicos de votarem em partidos ou em candidatos apoiantes do Comunismo.[17] Mas, isto não impediu o Papa de receber e de dialogar, em 1963, com a filha e o genro de Khrushchev (líder da União Soviética), numa tentativa de diminuir as tensões entre a Igreja Católica e a União Soviética.[6] Em 1962, durante a Crise dos Mísseis em Cuba, o Papa pediu a todos os governantes do mundo para se esforçarem a salvaguardar a paz, que é querida pela humanidade. Algumas pessoas acreditam que esta mensagem, difundida pela Rádio Vaticano, teve alguma importância na diminuição de tensões entre a União Soviética e os Estados Unidos da América (EUA) e na consequente decisão de Khrushchev de iniciar o diálogo com os EUA.[18][12] Em reconhecimento pelo seu trabalho em prol da paz e da humanidade, João XXIII foi agraciado com o Prémio Balzan, que lhe foi entregue no dia 10 de Maio de 1963. Ele também tornou-se na Pessoa do Ano de 1962.[6]

Giacomo Alberione a cumprimentar o Papa João XXIII (sentado).
Apesar de ter um pontificado curto (que durou menos de cinco anos), ele é considerado um dos mais populares e amados Papas, não só dentro da Igreja Católica, mas também por entre os não-católicos. Ele deixou para o mundo uma imagem de "bom Pastor" que quer abraçar e amar todos os homens (quer eles sejam católicos ou não).
[8][18][12] A Santa Sé caracterizou João XXIII como um Papa "manso e atento, empreendedor e corajoso, simples e cordial, [que] praticou cristãmente as obras de misericórdia corporais e espirituais, […] recebendo homens de todas as nações e crenças e cultivando um extraordinário sentimento de paternidade para com todos. […] Sustentava-o um profundo espírito de oração, e a sua pessoa, iniciadora duma grande renovação na Igreja, irradiava a paz própria de quem confia sempre no Senhor".[1] Durante as celebrações dos 50 anos da eleição de João XXIII (2008), o Papa Bento XVI afirmou que "a fé em Cristo e na Igreja foi o segredo que fez do beato João XXIII uma figura mundial da paz".[19]
João XXIII acreditava que a Igreja Católica não devia ser só uma instituição com leis e doutrinas, mas que devia ser, acima de tudo, uma autêntica comunhão do género humano com o
amor de Deus. Ele também acreditava que a renovação da Igreja era necessária e era fruto da actuação sobrenatural do Espírito Santo sobre a Igreja. E é esta sua confiança e convicção que deu-lhe coragem e determinação em convocar o Concílio Vaticano II (1962-1965).[18]
Visitas pastorais
Como
Pontífice, João XXIII preocupou-se muito com as responsabilidades pastorais do clero. Por isso, para dar o seu exemplo, ele "visitou muitas paróquias da Diocese de Roma, sobretudo as dos bairros mais novos", e visitou também "os encarcerados e os doentes".[8][1]
Como por exemplo, no dia
25 de Dezembro de 1958, cerca de dois meses depois da sua eleição, ele visitou as crianças gravemente doentes internadas no Hospital Bambin Gesù e no Hospital Santo Spirito. Lá, ele confortou amavelmente as crianças e conversou com algumas delas.[6] No dia seguinte (26 de Dezembro), ele foi visitar os encarcerados da prisão Regina Coeli. Lá, ele conseguiu criar um ambiente familiar, comovente e fraterna, ao afirmar que "sou Giuseppe, vosso irmão" e que "aqui [na prisão] estamos na Casa do Pai". Ele disse também aos prisioneiros que "pus meus olhos nos vossos olhos, coloquei meu coração junto ao vosso coração". Com as suas poucas palavras e os seus simples gestos, ele conseguiu transmitir a "misericórdia de Deus para com eles". Este seu discurso foi tão poderoso que um encarcerado, condenado por homicídio, perguntou, entre lágrimas, que "o que o senhor [o Papa] disse antes, vale também para mim?". João XXIII, comovido, deu-lhe surpreendentemente um grande e amoroso abraço como resposta.[20][21]
Estas visitas pastorais são de grande valor e significado, porque, desde
1870, nenhum Papa saiu do Vaticano para ir visitar a sua diocese (o Papa também é Bispo de Roma). João XXIII preocupou-se também com a condição social dos trabalhadores, dos pobres, dos órfãos e dos marginalizados.[6]
O Concílio Vaticano II- Ver artigo principal: Concílio Vaticano II

Estátua de João XXIII na Lourinhã, em Portugal
João XXIII inaugurou, em
1962, um concílio ecuménico - o Concílio do Vaticano II - menos de 90 anos após o último (Concílio do Vaticano I, convocado por Pio IX para afirmar o dogma da infalibilidade papal). Mas, a intenção em realizar este concílio foi já anunciado por João XXIII no dia 25 de Janeiro de 1959.[8]
João XXIII idealizou o Concílio Vaticano II "como um «novo
Pentecostes» […]; uma grande experiência espiritual que reconstituiria a Igreja Católica" não apenas como instituição, mas sim "como um movimento evangélico dinâmico […]; e uma conversa aberta entre os bispos de todo o mundo sobre como renovar o Catolicismo como estilo de vida inevitável e vital".[5] O próprio Papa João XXIII afirmou que "o que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz".[22] Para satisfazer esta sua intenção, João XXIII queria ardentemente que a Igreja mudasse de mentalidade, para poder melhor enfrentar e acompanhar as transformações do mundo moderno. Apesar de ter cancro inoperável no estômago, que foi diagnosticado em Setembro de 1962, João XXIII quis continuar, com todas as suas débeis forças, a dirigir o Concílio Vaticano II.[18]
A partir deste Concílio, que só terminou em
1965, a Igreja Católica, através da sua renovação, abriu-se mais ao mundo moderno. Por isso, houve mudanças significativas no Catolicismo: uma grande reforma litúrgica (revisão e simplificação da Missa de rito romano); uma nova perspectiva sobre a liberdade religiosa, a natureza e constituição da Igreja, a colegialidade dos bispos, o apostolado dos leigos e a dignidade dos fiéis, e a relação entre a Revelação divina e a Tradição; novos rumos para o ecumenismo e a pastoral católica; e uma nova abordagem aos problemas do Mundo moderno.[3][4][5]
A centralização do poder no
Vaticano, iniciada no final do século XIX, foi revista, sendo a Igreja vista como uma comunidade de cristãos em todo o mundo. O Concílio, todavia, não firmou dogmas, e sim serviu de orientação pastoral à Igreja Católica,[5] sendo seus efeitos vistos de forma controversa pelos praticantes do catolicismo.[23] Para alguns estudiosos, este Concílio, até aos nossos dias, não foi ainda entendido, enfrentando por isso problemas que perduram. Para muitos é esperado que os jovens teólogos dessa época, que participaram no Concílio, salvaguardem a sua natureza; depois de João XXIII, todos os Papas que o sucederam até Bento XVI, inclusive, participaram do Concílio ou como Padres conciliares (ou prelados) ou como consultores teológicos (ou peritos).[24][25]

Estátua de João XXIII em Sofia (Bulgária).
[
editar] O discurso da Lua
Um dos discursos mais célebres do Papa João XXIII é o que hoje é conhecido como "o discurso da Lua".
[26] Na noite de 11 de outubro de 1962, data da abertura do Concílio Vaticano II, a Praça de São Pedro estava lotada de fiéis que, ainda que não compreendessem a fundo as mudanças teológicas do acontecimento, percebiam a sua força histórica, seu caráter importante e as dificuldades que surgiriam. A multidão pedia pelo Papa e João XXIII foi a compartilhar com esta multidão a sua satisfação pela abertura da primeira sessão do Concílio, que contou com a participação de 2540 prelados (ou padres conciliares) de todo o planeta, de várias centenas de peritos (ou consultores teológicos) e de várias dezenas de observadores ortodoxos e protestantes.[27][24] Embora com a saúde já bastante debilitada pelo câncer no estômago, João XXIII fez questão de dirigir as cerimônias.[18]
Naquele momento em que dava uma nova direção à Igreja Católica, João XXIII fez uma evocação à
Lua: "Poderiamos dizer que até mesmo a Lua está com pressa esta noite… Observem-na, lá no alto, está a olhar para este espetáculo…". Cumprimentou os fiés de sua diocese (o Papa é também o bispo de Roma) e prosseguiu o discurso: "Minha pessoa vale nada: é um irmão que fala para vocês, um irmão que virou pai por vontade de Nosso Senhor. Vamos continuar a querer bem um ao outro […]. Voltando para casa, encontrarão as crianças. Dêem a elas um carinho [(ou uma carícia)] e digam: "Este é o carinho do Papa." Talvez as encontreis com alguma lágrima por enxugar. Tende uma palavra de consolo para aqueles que sofrem. Saibam os aflitos que o Papa está com os seus filhos, sobretudo nas horas de tristeza e de amargura. E depois todos juntos vamos amar-nos uns aos outros, […] sempre cheio de confiança em Cristo que nos ajuda e nos escuta […]. Adeus, filhinhos. À benção junto o desejo de uma boa noite".[26]
[
editar] Encíclicas
No seu curto pontificado de 5 anos, João XXIII escreveu 8
encíclicas, que "tiveram um carácter mais pastoral do que dogmático":[16][28]
Ad Petri Cathedram (29 de Junho de 1959) - sobre o conhecimento da verdade e restauração da unidade e da paz na caridade;
Sacerdotii Nostri Primordia (1 de Agosto de 1959) - sobre o centenário da morte do Santo Cura d'Ars;
Grata Recordatio (26 de Setembro de 1959) - sobre a recitação do Rosário para as missões e para a paz;
Princeps Pastorum (28 de Novembro de 1959) - sobre as missões católicas;
Mater et Magistra (15 de Maio de 1961) - sobre a evolução da questão social à luz da doutrina cristã;
Aeterna Dei Sapientia (11 de Novembro de 1961) - sobre o XV centenário da morte do Papa São Leão I Magno;
Paenitentiam Agere (1 de Julho de 1962) - convite à penitência para o bom êxito do Concílio Vaticano II;
Pacem in Terris (11 de Abril de 1963) - sobre a paz de todos os povos na base da verdade, justiça, caridade e liberdade.
As suas encíclicas mais conhecidas são, sem dúvida nenhuma, a
Pacem in Terris e a Mater et Magistra,[16] ambas fortemente relacionadas com a Doutrina Social da Igreja.[29]
[
editar] Mater et Magistra
Ver artigo principal: Mater et Magistra
A encíclica
Mater et Magistra (Mãe e Mestra), publicada em 1961, pretendeu actualizar a Doutrina Social da Igreja, através de uma nova e profunda leitura dos "«sinais dos tempos»" da década de 1960. Nesta década, uma nova conjuntura mundial começou a formar-se, muito devido aos seguintes acontecimentos: a reconstrução após a Segunda Guerra Mundial (que "havia suscitado grande desenvolvimento de alguns povos e deixado outros no subdesenvolvimento"), "a descolonização da África", a Guerra Fria e os novos "problemas da agricultura, das áreas em via de desenvolvimento, do incremento demográfico e os referentes à necessidade de cooperação econômica mundial".[29][30]
Sobre este pano de fundo, a Mater et Magistra, considerando as desigualdades existentes no plano económico e internacional, exortou "as nações mais ricas a ajudar as mais pobres"
[16] e defendeu "a participação dos trabalhadores na posse, gestão e lucros das empresas".[31] Esta encíclica analisou também "a corrida aos armamentos", a superpopulação, o subdesenvolvimento e "a condição dos trabalhadores rurais" (incluindo o consequente fenómeno do êxodo rural e do crescimento exponencial das cidades).[30]
Por isso, "as palavras-chave da encíclica são comunidade e socialização:" a
Igreja Católica (como Mãe e Mestra) "é chamada, na verdade, na justiça e no amor, a colaborar com todos os homens para construir uma autêntica comunhão. Por tal via, o crescimento econômico […] poderá promover também a dignidade" do Homem.[29]
[
editar] Pacem in terris
Ver artigo principal: Pacem in Terris
A encíclica
Pacem in terris (Paz na Terra), publicada em 1963, realçou "o tema da paz, numa época marcada pela proliferação nuclear" e pela disputa perigosa entre os EUA e a URSS (a Guerra Fria). Através desta encíclica, a Igreja reflectiu profundamente sobre a dignidade, os deveres e os "direitos humanos, enquanto fundamentos da paz mundial".[31][29] A Pacem in terris, completando o discurso da Mater et Magistra, sublinhou "a importância da colaboração entre todos: é a primeira vez que um documento da Igreja é dirigido também a «todas as pessoas de boa vontade», que são chamados a uma «imensa tarefa de recompor as relações da convivência na verdade, na justiça, no amor, na liberdade»".[29] Este apelo à colaboração incitou a Igreja Católica a começar a ostpolitik.[12]
Este
documento pontifício defendeu também o desarmamento, uma distribuição mais equitativa de recursos, um maior "controlo das políticas das empresas multinacionais" e várias "políticas estatais que favoreçam o acolhimento dos refugiados"; reconheceu de "que todas as nações têm igual dignidade e igual direito ao seu próprio desenvolvimento"; propôs a construção de uma "sociedade baseada na subsidiariadade"; e incentivou os católicos à acção e à transformação do presente e do futuro. Esta encíclica exortou também "os poderes públicos da comunidade mundial" (sendo a ONU a sua autoridade máxima) a promover o "bem comum universal", através de uma resolução eficaz dos vários problemas que assolam o mundo.[30][31][29]
No fundo, João XXIII queria a consolidação da "
Paz na terra, anseio profundo de todos os homens de todos os tempos, [que] não se pode estabelecer nem consolidar senão no pleno respeito da ordem instituída por Deus". Para o Papa, esta ordem "é de natureza espiritual" e "é uma ordem que se funda na verdade, que se realizará segundo a justiça, que se animará e consumará no amor, que se recomporá sempre na liberdade, mas sempre também em novo equilíbrio, cada vez mais humano".[32]

Brasão pontifício de João XXIII.
A Pacem in terris, quando foi publicada, provocou uma "enorme impressão a todos, inclusivamente ao bloco soviético".
[16] Devido à sua importância e popularidade, esta encíclica está actualmente depositada nos arquivos da ONU.[6]
[
editar] Brasão e Lema
Ver artigo principal: Brasão do Papa João XXIII
O
Brasão pontifício de João XXIII é um escudo eclesiástico, em campo de goles e com uma faixa de argente com uma torre do mesmo, brocante sobre tudo ladeada de duas flores-de-lis de argente. Em chefe as armas patriarcais de São Marcos de Veneza, que é de argente com leão alado e nimbado, passante ao natural, sustentando um livro aberto que traz a legenda: PAX TIBI MARCE EVANGELISTA MEVS. O escudo está assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre duas chaves decussadas, a primeira de jalde e a segunda de argente, atadas por um cordão de goles, com seus pingentes. O seu timbre é uma tiara papal de argente com três coroas de jalde.[33]
O lema papal de João XXIII é OBŒDIENTIA ET PAX (em português:
Obediência e Paz). Este lema é o seu testemunho santo de que ele só tem paz quando obedece a Jesus Cristo.[6]
[
editar] Morte e Beatificação
Beato João XXIII
Venerado pela
Igreja Católica
Beatificado
3 de Setembro de 2000, Praça de São Pedro por: Papa João Paulo II
Festa litúrgica
11 de Outubro
Padroeiro:
Delegados pontifícios
Portal dos Santos
Conhecido como o "Papa Bom", João XXIII faleceu de
câncer no estômago, após longa luta contra tal enfermidade, no dia 3 de junho de 1963, não chegando por isso a encerrar o Concílio Vaticano II. Ele foi sucedido pelo Cardeal Giovanni Montini, que escolheu o nome papal de Paulo VI e que implementou as medidas e reformas do Concílio Vaticano II.[18] Na altura da sua morte, a revista "Times" constatou e "comentou que poucos pontífices entusiasmaram assim tanto o mundo" como o Papa João XXIII.[16]
Já durante o Concílio Vaticano II, o Cardeal
Leo Joseph Suenens e vários prelados defenderam a canonização de João XXIII por aclamação conciliar, como se fazia antigamente na Igreja primitiva. Mas, esta proposta foi prontamente rejeitada por prelados mais conservadores e pela Congregação para as Causas dos Santos.[12] Por isso, o seu processo de canonização foi só iniciado em 1965, em simultâneo com o processo do Papa Pio XII, ambos com a autorização de Paulo VI.[6] O "Diário da Alma" de Roncalli contribuiu muito para a longa investigação orientada pela Congregação, porque neste Diário está registado o seu desenvolvimento espiritual e o seu caminho de santificação. Este Diário descreve também vários métodos que João XXIII usou para vencer o pecado: como por exemplo, ele evitava ficar sozinho com mulheres bonitas. No seu Diário, ele também revelou, no fundo, o seu profundo amor a Cristo, à humanidade, à Igreja e ao Reino de Deus.[12]
Em
Janeiro de 2000, o Vaticano reconheceu oficialmente "a veracidade do caso milagroso da freira italiana Caterina Capitani, que alegadamente se curou de um tumor no estômago" por intercessão de João XXIII (caso passado em 1966).[34][35] Com esse reconhecimento, ele foi declarado Beato pelo Papa João Paulo II no dia 3 de Setembro de 2000, em cerimônia solene na Praça de São Pedro, juntamente com o Papa Pio IX.[7] Sobre ele, o Papa João Paulo II afirmou:

João XXIII, o Papa que conquistou o mundo pela afabilidade dos seus modos, dos quais transparecia a singular bondade de ânimo. […] É conhecida a profunda veneração que o Papa João tinha pelo Papa Pio IX, do qual desejava a beatificação. Durante um retiro espiritual, em 1959, escrevia no seu Diário [da Alma]: "Penso sempre em Pio IX de santa e gloriosa memória, e imitando-o nos seus sacrifícios, desejaria ser digno de celebrar a sua canonização" […]. Do Papa João permanece na memória de todos a imagem de um rosto sorridente e de dois braços abertos num abraço ao mundo inteiro. Quantas pessoas foram conquistadas pela simplicidade do seu ânimo, conjugada com uma ampla experiência de homens e de coisas! A rajada de novidade dada por ele não se referia decerto à doutrina, mas ao modo de a expor; era novo o estilo de falar e de agir, era nova a carga de simpatia com que se dirigia às pessoas comuns e aos poderosos da terra. Foi com este espírito que proclamou o Concílio Vaticano II, com o qual iniciou uma nova página na história da Igreja: os cristãos sentiram-se chamados a anunciar o Evangelho com renovada coragem e com uma atenção mais vigilante aos "sinais" dos tempos. O Concílio foi deveras uma intuição profética deste idoso Pontífice que inaugurou, no meio de não poucas dificuldades, uma nova era de esperança para os cristãos e para a humanidade. Nos últimos momentos da sua existência terrena, ele confiou à Igreja o seu testamento: "O que tem mais valor na vida é Jesus Cristo bendito, a sua Santa Igreja, o seu Evangelho, a verdade e a bondade". [7]


Sarcófago de vidro do Papa João XXIII, na Basílica de São Pedro.
A sua festa litúrgica é celebrada no dia
11 de Outubro, dia em que teve início a primeira sessão do Concílio Vaticano II. Ele é o patrono dos delegados pontifícios.[8]
[
editar] Corpo exposto e bem preservado
Em
2001, o cadáver de João XXIII "foi transferido do subterrâneo […] para o interior da Basílica de São Pedro, onde permanecerá definitivamente exposto ao público numa capela lateral próxima do altar de São Jerónimo". Actualmente, ele está dentro de um "caixão de vidro e bronze […] à prova de bala e […] de raios ultravioleta". Uma vez exposto, as pessoas constataram rapidamente o surpreendente grau de preservação do cadáver de João XXIII,[34] que não apresentou um "mínimo sinal de decomposição ou eventual deformação".[36]
Mas, "a preservação do corpo não se deve a um
milagre" (logo, não é considerado um corpo incorrupto), "mas sim ao tratamento especial […] levado a cabo secretamente pelo professor Gennaro Goglia antes do funeral do pontífice".[34] Mas, também é de salientar que este tratamento especial não é uma "embalsamação, pelo menos no sentido clássico". Isto porque este tratamento consiste numa "aplicação junto aos tecidos internos destruídos pelo câncer, isso para eliminar todas as bactérias locais". Segundo o prof. Goglia, houve também neste tratamento uma "aplicação de líquido especial que atingiu os capilares", podendo ser essa a causa da incorruptibilidade. Mas, esta tese ainda não foi comprovada [36] e também não é a única, existindo ainda várias outras teses e explicações científicas para serem debatidas e provadas.[37]
[
editar] Críticas, Controvérsias e Teorias de conspiração
Apesar de ser amado, aclamado e homenageado por muitos, o Papa João XXIII é também alvo de várias críticas e acusações, que são feitas maioritariamente pelos
católicos tradicionalistas (dentro destes, destacam-se os sedevacantistas e os conclavistas). No entanto, as críticas mais significativas foram refutadas no prefácio do positio, que é um relatório completo feito pela Congregação para as Causas dos Santos sobre a vida e santidade de João XXIII.[12]
[
editar] Relação com a Maçonaria
Ver artigo principal: Teorias conspiratórias maçônicas na Igreja Católica
Vários grupos de pessoas, nomeadamente certos grupos
católico-tradicionalistas, acusam o Papa João XXIII de ter ligações com a Maçonaria e de ser fortemente influenciado por esta mesma associação secreta.[38] Segundo uma outra teoria, João XXIII, desde 1935 (naquela altura, ele era delegado apostólico na Turquia e na Grécia), já era um membro de uma sociedade iniciática com características maçónicas e rosacrucianas.[39][40][41] Outros até dizem que ele foi de facto um membro do Priorado de Sião.[39][40][42] Algumas destas teorias estão registadas e defendidas no livro As profecias de João XXIII, de Pier Carpi.[43] Yves Marsaudon, um barão e maçon francês, afirmou que o Papa João XXIII tornou-se num maçon de 33º grau durante a sua estadia em França como núncio apostólico.[13] Em 1994, o Grão-Mestre do Grande Oriente da Itália declarou que Roncalli iniciou-se na Maçonaria em Paris e participou nos trabalhos das lojas maçónicas de Istambul (Turquia).[13] Em 2002, um jornal português revelou mais algumas provas de que Roncalli era de facto um maçon praticante.[44]
As acusações supra-mencionadas são graves porque a
Igreja Católica ensina que todos "os fiéis que pertencem às associações maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão".[45] Claro, existem muitos outros grupos de pessoas que negam qualquer envolvimento do Papa João XXIII na Maçonaria ou em qualquer associação secreta.[36][46]
[
editar] Relação com os Comunistas, os Socialistas e os Radicais
Além de acusarem-no de maçon, o Papa João XXIII é também acusado de ser um simpatizante e até um cúmplice do
Comunismo, do Socialismo e de correntes radicais (na sua maioria, anti-católicos). Estes movimentos modernos são todos eles condenados pela Igreja Católica. Existem relatos que dizem que Roncalli, antes de ser Papa, convivia e socializava amavelmente com muitos comunistas, socialistas e radicais, entre os quais destacam-se Vincent Auriol, Bogomolov (embaixador soviético em Paris), Édouard Herriot (que é considerado por alguns como o maior amigo de Roncalli) e Giacomo Manzu (um vencedor do Prêmio Lenin da Paz). No seu octagésimo aniversário (1961), o Papa recebeu inclusivamente, por telegrama, felicitações de Khrushchev, que era, naquela altura, líder da União Soviética.[13]
O Papa é também acusado de firmar um acordo secreto com a
União Soviética, em 1962. Neste acordo, "João XXIII comprometeu-se com o negociador soviético […] a não atacar o povo nem o regime da Rússia. Isso era para que Moscovo permitisse que os observadores ortodoxos russos comparecessem" ao Concílio Vaticano II.[47][13]
Vários
católicos tradicionalistas acusam também o Papa de não condenar abertamente o Comunismo e o Socialismo na sua encíclica Mater et Magistra e no Concílio Vaticano II. Eles também acusam esta famosa encíclica de promover e conter ideias socialistas.[13] Mas, o próprio Papa João XXIII teve o cuidado de incluir na Mater et Magistra as condenações do Papa Pio XI sobre o Comunismo e o Socialismo. Mais concretamente, esta encíclica defende que "entre comunismo e cristianismo, […] a oposição é radical, e […] não se pode admitir de maneira alguma que os católicos adiram ao socialismo moderado".[48] E mais, em 1959, o Papa João XXIII, através da sua confirmação do Decretum Contra Communismum (1949), proibiu os católicos de votarem em partidos ou em candidatos apoiantes do Comunismo.[8][17]
[
editar] Anti-Fátima
Existem grupos de defensores mais radicais dos ensinamentos de
Nossa Senhora de Fátima (na sua maioria são católicos tradicionalistas) que acreditam que o Papa João XXIII reteve deliberadamente o chamado Terceiro Segredo de Fátima, que é um conjunto de várias informações proféticas reveladas por Nossa Senhora.[49][42]
[
editar] Padre Pio
Segundo o historiador italiano
Sérgio Luzzatto, a relação entre o Papa João XXIII e São Pio de Pietrelcina (ou "Padre Pio") é controversa e caracterizada pelo cepticismo e pelas críticas em relação ao Padre Pio feitas por João XXIII. Este Papa chegou mesmo a acusar e a acreditar que o Padre Pio era um fraude e uma alma perdida que tinha uma fé quase medieval e que tinha relações incorrectas com várias mulheres.[50]
Mas, uma outra fonte afirmava que a atitude de João XXIII para o Padre Pio era, em geral, muito positiva. Mas, devido às informações erradas e negativas que ele recebeu, João XXIII tornou-se por isso bastante céptico e crítico. Contudo, segundo esta mesma fonte, pouco antes da sua morte, o Papa confessou que tinha sido informado erroneamente e reconheceu a
santidade do Padre Pio. Ele pediu mesmo ao Padre Pio para rezar por ele.[51]
[
editar] Herege, Modernista e Concílio Vaticano II
Existem vários grupos de
católicos tradicionalistas que acusam o Papa João XXIII de ser um defensor e praticante da heresia modernista. Eles afirmam que, já em 1925, Roncalli era suspeito pelo Santo Ofício de ser modernista, acabando por ter que ser enviado para Bulgária como Visitante Apostólico. Eles afirmam também que Roncalli era um grande admirador do movimento modernista francês Le Sillon, que foi condenado pelo Papa Pio X.[13]
Eles acham também que o Papa João XXIII, já desde cedo, tinha ideias muito
heterodoxas e até heréticas. Como por exemplo, eles alegam que Roncalli, sendo um maçon, não acreditava na divindade de Jesus e em milagres, sendo conhecido por vários maçons como um deísta e racionalista. Roncalli era também visto como um defensor acérrimo da liberdade e dos direitos humanos (incluindo a liberdade religiosa), do ecumenismo, do diálogo inter-religioso (nomeadamente com os judeus) e do respeito e tolerância religiosas. Roncalli chegou mesmo a designar os "cismáticos" e os "heréticos" (ex: ortodoxos e protestantes) de "irmãos separados" que pertencem a uma única "família cristã". Os tradicionalistas acham que tudo isto consiste numa autêntica heresia e apostasia, que tiveram, segundo eles, cada vez maior destaque e predominância depois do Concílio Vaticano II. Eles acreditam que tudo isto era um plano (de carácter universalista e modernista) do Papa João XXIII de corroer a Igreja por dentro, através deste Concílio.[13]
Eles acreditam também que esta corrosão (ou decadência) da Igreja deve-se ao deliberado "sacrifício dos valores" católicos "mais tradicionais" e à promoção do
antropocentrismo, que contribuiram para a distorção da autêntica doutrina católica. Eles alegam que este "sacrifício" começou precisamente com o Concílio Vaticano II (idealizado pelo Papa João XXIII),[38] onde se introduziu também muitas outras inovações, como a colegialidade dos bispos, o ecumenismo, a liberdade religiosa, a valorização da dignidade e dos direitos humanos, a reforma litúrgica do Rito Romano, o aggiornamento e a abertura da Igreja ao mundo moderno.[3][4] Eles acreditam que estas inovações são heréticas e constituem uma ruptura com a Tradição católica, fazendo com que a actual Igreja Romana não seja verdadeiramente católica.[52]
[
editar] Anti-Papa
O Papa João XXIII é também acusado de ser um
anti-papa por alguns grupos de católicos tradicionalistas, na sua maioria sedevacantistas e conclavistas. Eles alegam que João XXIII era de facto um herege, um apóstata e um não-católico que pretendia conspirar contra a Igreja Católica, através do Concílio Vaticano II. Estas acusações são baseadas nas outras acusações supra-mencionadas, onde se destacam obviamente as supostas heresias (nomeadamente o modernismo) de João XXIII, o seu envolvimento na Maçonaria e as suas amizades com o Comunismo e o Socialismo.[13]
Alguns destes grupos acreditam inclusivamente que o Cardeal
Giuseppe Siri foi de facto eleito Papa no conclave de 1958, mas que teve que dar o seu lugar a Roncalli devido às ameaças dos comunistas (nomedamente dos soviéticos). Os apoiantes desta teoria afirmam também que esta suposta resignação do Cardeal Siri era ilegal, por isso eles acreditam que Siri é que era o verdadeiro e legítimo Papa (eles até acreditam que Siri escolheu o nome papal de Gregório XVII). Eles acham por isso que João XXIII era só um mero usurpador ilegal da cátedra de São Pedro.[44][53][41][42] Mas, existem também muitos estudiosos, entre os quais católicos tradicionalistas (ex: Hutton Gibson), que defendem que esta teoria é falsa e foi baseada em interpretações confusas e distorcidas dos factos e de certas notícias em língua italiana.[54]
Existem católicos tradicionalistas que acreditam que Roncalli escolheu o nome papal de João XXIII para, de uma forma discreta e codificada, informar os seus companheiros maçons que ele era de facto um anti-papa e que iria pôr em prática um plano de destruição da Igreja Católica. Eles acreditam nisso em parte porque, na verdade, existiu mesmo um
anti-papa chamado João XXIII, que viveu na Idade Média.[13]
[
editar] Supostas profecias e encontros com ETs
Para além das críticas e acusações, existem também várias alegações e teorias que defendem que Ângelo Roncalli redigiu, em
1935, um conjunto de profecias "surpreendentemente claras", sendo "em parte reveladas ao mundo no livro "As Profecias do Papa João XXIII", de Pier Carpi".[55] "Como qualquer profecia, as suas mensagens estão carregadas de metáforas e outros tropos. Abrangem desde a iminente II Guerra Mundial até o "final dos tempos"".[56]
Eles acham que João XXIII prognosticou "a entrada em cena de um
Santo Padre em cujo tempo "a Mãe estenderá o braço e se abrirá ao mundo" – ou seja, a Igreja abarcará o mundo todo. […] A Igreja aceitará então "uma pequena corrente", isto é, adotará princípios gnósticos. […] A doutrina da reencarnação será então aceita. […] Mas no fim, […] "injustas acusações terá o vigário […], o Pai da Mãe estará sozinho e haverá os espinhos […]. E sangue nas prisões para quem crê". […] Será então que a biogenética terá descortinado o mapa genético do homem. Nesse ponto, entrará em cena o Anticristo: "Um grande irmão do Oriente fará estremecer o mundo com a cruz invertida sem lírios". João XXIII fornece a data: "São vinte séculos mais a idade do Salvador"".[56]
Segundo eles, João XXIII também profetizou que "o mundo futuro será
socialista e […] será governado pelo futuro Grande Monarca "Luz de Ocidente, última luz antes da eterna, desconhecida. A verdade será mais simples de quanto todos dissemos, escrevemos. Será um bom juízo…"". Eles afirmam também que, quando Roncalli já era Papa, ele conseguiu prever que o cardeal Montini (o futuro Papa Paulo VI) "seria o seu sucessor".[56]
Na década de 1990, um grupo de pessoas espalharam rumores na Internet, dizendo que o diário privado de João XXIII contém mais revelações e profecias sobre o futuro.
[42] Eles afirmam que João XXIII, através do seu contacto directo com Cristo e com Nossa Senhora, recebeu a preciosa informação de que, no dia 25 de Dezembro de 2000, Cristo aparecerá em Nova Iorque, dando início à Parusia e ao fim do mundo.[42][57] Apesar de este Papa ter de facto um diário, não existe evidências fundamentadas de que este diário privado contém visões apocalípticas do futuro.[12]
Existem também pessoas que atribuem ao Papa João XXIII uma profecia relativa ao ressurgimento da
Atlântida e ao contacto com os OVNIs.[56] Ainda em relação aos extra-terrestres (ETs), existem relatos que afirmam que João XXIII "teve vários encontros" com estes "seres não humanos", sendo que "um deles […] teve lugar na residência de Castel Gandolfo, em 1961". Segundo estes relatos, no fim deste encontro em Castel Gandolfo, o Papa afirmou a um dos seus assistentes o seguinte: "os filhos de Deus estão em todas as partes; algumas vezes temos dificuldade em reconhecer a nossos próprios irmãos".[58][59]
Referências

Wikipedia:Efemérides/25 de novembro
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Dia Nacional da Bósnia e Herzegovina

1120 - Ocorre o Naufrágio do White Ship, onde morre Guilherme Adelin, herdeiro de Henrique I de Inglaterra.
1936 - Assinado Pacto Anticomintern entre Alemanha e o Japão, com fundamento a oposição ao desenvolvimento do comunismo.
1975 - Em Portugal, um golpe militar põe fim ao PREC.

Nasceram neste dia...
1844 - Karl Benz, engenheiro alemão (morreu. 1929).
1845 - Eça de Queirós (na imagem e matéria) escritor português.
1881 - Papa João XXIII, 262.º papa na imagem e matéria.

Morreram neste dia...
1885 - Rei Afonso XII de Espanha (nasceu. 1857).
1967 - Ossip Zadkine, pintor russo (nasceu. 1890)
2005 - George Best, futebolista britânico da Irlanda do Norte (nasceu. 1946).

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